segunda-feira, 28 de março de 2011

Ser interpelado por Jesus



O Evangelho de João (Jo 4, 4-26) nos fará gravitar junto de um poço, na cidade samaritana chamada Sicar; neste local Jesus, que estava de passagem, parou para descansar e encontrou uma mulher que veio tirar água. E, Jesus aproveitando a situação, inicia uma conversa, desafiando a mulher a mudar sua vida e seu destino.

E, esse cenário me fez lembrar que na última terça-feira (22/03) comemoramos o dia mundial da água. O dia mundial da água é um marco internacional para chamar a atenção para a conservação de água pura e por um manejo sustentável desse recurso natural. E essa comemoração tem toda relação com o Evangelho de João.

Esse episodio da vida de Jesus nos concede o privilégio de aprender com uma mulher que foi buscar água e encontrou a fonte da vida eterna que foi disponibilizada pelo Filho de Deus, que estava descansando junto ao poço de Jacó.

Para uma compreensão dessa parte do texto de João, é necessário ter em mente que existia uma animosidade entre samaritanos e judeus. Historicamente, essa antipatia começou quando, em 721 a.C. a Samaria foi tomada pelos assírios, que começaram a se misturar com a população samaritana. E, esse fato, fez com que os judeus formassem uma opinião que os habitantes da Samaria começaram a se paganizar (II Re 17,29);

A relação entre as duas comunidades se deteriorou ainda mais quando, após o regresso do Exílio, os judeus recusaram a ajuda dos samaritanos (Ex 4,1-5) para reconstruir o Templo de Jerusalém (ano 437 a.C.). Por tudo isso, os judeus desprezavam os samaritanos e os consideravam hereges em relação à pureza da fé judaica; e os samaritanos pagavam aos judeus com um desprezo semelhante.

Mas, vamos voltar à cena: Como tinha dito, os diálogos passam-se à volta do “poço de Jacó”, situado no rico vale entre os montes Ebal e Garizim; aquele era um poço estreito, aberto na rocha calcária, e cuja profundidade ultrapassa os 30 metros; e, que segundo a tradição, teria sido aberto pelo patriarca Jacó. Jesus estava ali porque como qualquer ser humano, estava cansado e com sede por conta da viagem que era feita a pé; por essa razão, Ele parou junto ao poço para descansar enquanto seus discípulos foram buscar comida.

Durante esse período de descanso, uma mulher veio tirar água do poço e Jesus lhe ofereceu a oportunidade de servir ao mais nobre homem da história do mundo. Nunca passou alguém igual através da cidade dela. Mesmo diante de todo o Seu poder, Jesus, simplesmente pediu a ela um pouco de água.

Imagine a cena: Ao ser interpelada por Jesus aquela mulher ficou surpresa com seu pedido e pensou: Ali estava um judeu que reconhecia que ela existia. Ela, uma humilde mulher samaritana que teria sido ignorada e tantas vezes desprezada pela maioria dos homens judeus, imediatamente reconheceu que havia algo diferente com aquele viajante.

E, a conversa que se seguiu foi um exemplo marcante de como Jesus ensinava as pessoas a usarem uma linguagem diferente: Quando Jesus pediu água, a mulher naturalmente pensou em água do poço. Porém, Jesus imediatamente direcionou a conversa para assuntos espirituais. Se ela entendesse a dádiva que Deus estava lhe concedendo; e, se soubesse com quem estava falando, ela teria a consciência que a água que Cristo estava falando era a água espiritual, e não material.

E, isso demonstra que o Ministério de Jesus é o meio regular (aqui um adjetivo de dois gêneros, significando: Conforme as regras, as leis, as praxes, a natureza e bem proporcionado, harmonioso), por onde Deus procura transformar a vida das pessoas. Mas, para concretizar essa transformação se faz necessário prestar atenção nas palavras do Senhor.

Assim, nessa segunda-feira quero que você tenha a convicção que o Deus das bênçãos é melhor do que as bênçãos de Deus; e, a intimidade de Deus é o combustível necessário para seguirmos em frente cumprindo os Seus desígnios, na certeza de que Ele pode transformar água em vinho e que os problemas não vêm para nos afastar de Deus, mas para nos levar, cada vez mais, à presença D’Ele.
E, a nossa necessidade de estarmos na Sua presença é uma só: Ela, a necessidade, fomenta a força para continuarmos, mesmo nas situações adversas, a buscar um mundo melhor, tendo a certeza de que “somos mais do que vencedores, por Aquele que nos amou” (Rm 8,37) e “que passarão os céus e a terra, mas que as minhas palavras não passarão” (Mt 24,35).

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