sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Existem limites na atuação de Deus na nossa vida? - III

Por tudo que falamos sobre o encontro de Jesus e a Cananéia (Mt 15,21-28), eu gostaria de comentar com você que diante das dificuldades, dos problemas, das tribulações e até das tragédias que acontecem na nossa vida, há pelo menos duas possibilidades: Ou você se revolta contra tudo e todos, inclusive contra Deus e entra em um espiral descendente, que vai lhe levar ao fundo do poço;

Ou você se aproxima mais desse Deus que te ama profundamente; ou você se aproxima mais desse Deus que está ao seu lado; ou você se aproxima mais desse Deus que está disposto a lhe conceder auxilio; ou você se aproxima mais desse Deus que lhe estende a mão e espera que você pegue. Então, veja o exemplo da Cananéia, ela não se revolta com as palavras duras de Jesus, muito pelo contrário, ela busca auxílio junto a Deus.

E, o que mais me chama a atenção nesse texto é que ele começa com a Cananéia clamando em alta voz atrás de Jesus, ela pede misericórdia, mas Jesus parece não dar bola para ela. Ela vai gritando por ajuda, mas Jesus não lhe dá a menor atenção. Não é assim também que acontece muitas vezes conosco em nossas orações?

Nós buscamos a Deus num momento muito difícil da vida, mas parece que Ele não nos ouve. É como se o Senhor precisasse usar mais o contonete.

Nessas horas se abate sobre nós um grande sentimento de abandono. E, nos sentimos sozinhos, achando que o próprio Deus também nos deixou. Mas quantas vezes isso é uma prova de fé para nós. Aqueles que desistem de pedir, desistem da oração, fatalmente vão deixar de receber. Mas aqueles que buscam ao Senhor com perseverança, sem desistir, acabam alcançando o Seu amor, a Sua Graça e misericórdia.

E, esse texto sempre me fez faz lembrar a parábola que Jesus contou sobre como devemos perseverar na oração. É a parábola da viúva persistente. Essa parábola nos fala de uma viúva que queria justiça contra um adversário e insistiu muito junto a um juiz iníquo, até que recebeu o que ela esperava. E, Jesus usou esta parábola, essa estória para nos falar da importância em insistir na oração.

Então viva o exemplo da Cananéia e não desista; seja persistente com o Senhor, não engrosse o cordão daqueles que dizem: “Eu já cansei de orar, mas Deus não responde!”. Não faça isso, não se canse de orar nunca! Insista, mesmo que demore dias, meses, anos. Insista no seu pedido a Deus; encha o “saco de Deus” com os seus pedidos; porque Ele tem grandes coisas para você. Lembre-se que Jesus pode nos ajudar a administrar os nossos fardos e cargas que hoje nos parecem demasiadamente pesadas. Essa certeza está em Mateus 11,28: “Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”.

Então, se você tem dificuldade em solucionar problemas? Lembre-se que Deus o ajudará. O único pré-requisito é pedir, porém, pedir com fé, não duvidando; pois, aquele que duvida é semelhante à onda do mar, que é sublevada e agitada pelo vento. A promessa que Deus vai resolver absolutamente todos os problemas de uma vez e imediatamente, é, no mínimo, insensata. Até porque Ele nos disse “No mundo tereis aflições”.

Assim, mesmo quando nos deparamos com grandes problemas, não devemos buscar soluções mágicas, pois Deus nos ensina que a nossa obrigação é lutar e seguir sempre em frente; devemos “seguir para águas profundas e lançar as nossas redes” (Lc 5), sem esperar que Ele faça tudo sozinho. Porém, não devemos ter um ceticismo exacerbado, a via média é buscar olhar as coisas que nos são apresentadas com muita atenção, crendo na bênção de Deus e na vida abundante que Ele nos concede; mas, sabendo que isso não se concretizará em num “clique”;

E, que cada um de nós deve fazer a sua parte para alcançar a tão sonhada felicidade, tendo sempre como lema de vida as palavras de II Cor 2,17: “Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus”. Ou seja, devemos, sempre, confiar nas promessas de Deus e nunca em nós mesmos, tendo a nítida, clara e incontestável certeza que todos os planos que Deus tem para nós são bons; tendo sempre em mente que “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8,28).

Rev. Antonio Bastos

Nenhum comentário:

Postar um comentário