Hoje vamos falar de um encontro; mas não é um encontro qualquer, é o encontro relatado por Mateus (Mt 3, 13 a 17) que descreve o batismo de Jesus por João Batista no rio Jordão. Mas, antes de falarmos desse encontro singular, faz-se necessário ter em mente que João Batista foi àquele que anunciava aos quatro cantos a proximidade do “juízo de Deus”;
E porque isso é importante? Porque, a mensagem de João Batista estava centrada na urgência da conversão; até porque, na opinião de João Batista, a intervenção definitiva de Deus na história para destruir o mal estava iminente; por isso ele incluía um rito de purificação pela água, que era um rito muito freqüente, aliás, entre alguns grupos judeus daqueles dias.
Ou seja, na perspectiva de João Batista, as pessoas deviam se arrepender e buscar um novo caminho; e foi para chamar às pessoas a esse arrependimento que João batizava na água. Até porque, na perspectiva de João, recusar a conversão significava ser destruído pela cólera de Deus, como a palha queimada pelo fogo.
O que é que Jesus tem a ver com isto? Qual o sentido leva o Filho de Deus a se apresentar a João Batista para receber o “batismo” de purificação, de arrependimento e de perdão dos pecados? A resposta fica muita clara, quando constatamos que para Mateus, o batismo é um momento privilegiado da manifestação de Jesus a humanidade: Antes de começar a sua atividade, Jesus Se define como humano e Se apresenta verdadeiramente às pessoas… E, para entendermos bem isso, podemos dividir o relatado de Mateus (Mt 3, 13 a 17) em duas partes: O diálogo entre João e Jesus (vers. 14-15) e a manifestação de Jesus como Filho de Deus (vers. 16-17).
O diálogo entre João e Jesus (vers. 14-15) explica porque é que Jesus vem ao encontro de João Batista para ser batizado… Pela resposta de Jesus, fica claro que o Seu batismo é um passo necessário, é uma condição essencial para que se cumpra o desígnio salvador de Deus (“convém que assim cumpramos toda a justiça”)… Na verdade, o cumprimento da “justiça” equivale, no contexto da teologia mateana, ao cumprimento da vontade de Deus (Mt 5,6.10.20;6,1.33;21,32).
Na verdade, Jesus Se apresenta, assim, como o “Filho”, que cumpre rigorosa e absolutamente a vontade do Pai (na cultura semita, a obediência era aquilo que definia a relação entre um filho e um pai… “Cumprir a justiça” em relação ao Pai era para um filho lhe obedecer incondicionalmente).
Por isso que, ao observarmos mais atentamente o exemplo de João Batista, podemos constatar o tamanho da nossa responsabilidade em demonstrar através das palavras e principalmente das nossas ações, que viver com Jesus Cristo significa, indubitavelmente, ter vida plena. E, que para colocar isso em prática devemos definir qual a nossa prioridade.
E, observando isso, lembro das palavras de William Shakespeare que disse: “O tempo é muito lento para os que esperam; é muito rápido para os que têm medo; é muito longo para os que lamentam; é muito curto para os que festejam. Mas, para os que amam, o tempo é eternidade...”
Com isso Deus nos diz, textualmente, que devemos descer do muro e tomar uma posição clara sobre a inabalável certeza de que “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13,8). Ou seja, Deus nos pede, através do exemplo do batismo de Jesus, que juntos possamos valorizar tudo aquilo que Ele já fez, faz e, certamente fará na nossa vida.
Mas isso só não basta é preciso bater no peito e dizer: “Combati o bom combate, terminei a corrida, permaneci fiel. A partir de agora, já me aguarda a merecida coroa, que me entregará, naquele dia, o Senhor, justo juiz, e não somente a mim, mas a todos os que anseiam pela sua vinda” (I Tm 4, 7-8).
Rev. Antonio Bastos
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